Desde que comecei minha carreira, há mais de 30 anos, ouço essa afirmação e ela sempre me deixou confuso, pois trata-se daquelas frases que parecem perfeitas e definitivas, mas não é:
- Será que queremos maquiar nosso analfabetismo funcional, nossa tendência ao mal feito, nossa obsessão pelo jeitinho?!
- Será que ela induz a pensar que somos melhores que o mundo?!
Não sei ao certo, me parece apenas um recurso semântico para não precisarmos entrar de fato no duro tema:
– Exceto no Agro Negócio e em pagamentos, não somos vanguarda em NADA;
– Nosso setor Industrial é esmagado por todos os políticos de carreira, não importando seu viés ideológico;
– Nosso Varejo, antes modelo e pujante, está sofrendo e se apequenando;
– Experiencias globais de sucesso como Starbucks e Eataly, por exemplo, sofrem aqui;
– Nossos bancos são world class, mas são poucos, praticamente não há competição, o que torna os spreads altíssimos e os custos aos clientes abusivos;
– Nossa estrutura tributária é pesadíssima e ineficiente;
– Nosso ambiente de corrupção é absurdo o que faz com que a arrecadação abissal não sirva a seus propósitos republicanos;
– Nosso ambiente político não é sequer dual como pensa a maioria, não importa se vestindo verde e amarelo ou vermelho, o que todos os políticos aqui fazem é a ineficiência, a política como profissão, a maximização da máquina ineficiente como base para distribuição de benesses, o déficit eterno de contas e de inteligência!
Creio eu, infelizmente, que o Brasil perde a cada dia o “bonde da história”, ainda que pela natureza sejamos:
1 – Líderes incontestes desse cantinho de mundo;
2 – Sétimo país em população;
3 – 11ª economia em tamanho absoluto e 63º em PIB per capita;
4 – Uma das maiores geografias de terras aráveis e produtivas do planeta;
5 – Clima estável e dos mais previsíveis;
E uma série infindável de coisas boas inerentes à nossa geografia e tamanho!
De outro lado temos:
1 – Talvez o mais expressivo analfabetismo funcional do planeta;
2 – A indolência e a falta de resiliência amparadas pela fé cega de que a providência divina dará um jeito —decorrência do analfabetismo funcional e da política populista em 500 anos;
3 – Ambiente jurídico confuso, arcaico e refém de desígnios pessoais devido a complexa relação entre os poderes da República.
4 – Mais de 65% das pequenas empresas que desaparecem em até 5 anos tinham bons negócios e não deveriam desaparecer, mas a soma de ambiente inóspito ao empreendedorismo e ineficiência seguem produzindo essa triste realidade.
Precisamos entender que fazer certo é mais importante que fazer barulho, precisa olhar mais para si e menos para:
- Os chineses, o capitalismo, o socialismo, o Salvador de plantão!!
- Lulas, Bolsonaros, Fernandos, Sarneys, Juscelinos, Getulios e generais seguirão olhando para eles mesmos, a única coisa que somos para eles é aceleradores quando deveríamos ser freios!
- Somos a geração com a chance de melhorar muito o cenário produtivo do país, mas até agora somos apenas os agentes da piora, entregaremos um país pior do que recebemos a nossos filhos e netos.
Sem mais desculpas, sem mais frases de efeito, sem mais paciência com a imperfeição!
Então o “Brasil não é para amadores”?
Creio eu que ainda somos o PARAÍSO DOS AMADORES!
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