São diversos os impactos do Sistema Financeiro Aberto — Open Finance — e, alguns deles, podemos listar de maneira didática e objetiva da seguinte forma:
> Aumento da competição e digitalização dos bancos, fintechs e instituições autorizadas pelo Banco Central.
> Se o comportamento do consumidor, a pandemia e o que conhecemos como transformação digital empurrou essas instituições financeiras para buscar mais eficiência e melhor experiência dos clientes, o Open Finance já começa a ser um acelerador maior que a pandemia para essa digitalização e evolução do sistema financeiro.
> A oferta de produtos e serviços financeiros bem mais atrativa, os processos mais ágeis e a experiência, incrível!
> Inteligência de Dados: necessidade de entender muito mais as posturas, necessidades e escolhas do consumidor e de forma muito mais profunda o perfil dos clientes e, a partir dessa inteligência, buscar taxas mais justas e melhores remunerações, garantias ou vantagens para o cliente.
> A inovação do segmento financeiro será, cada vez mais, a tônica para propor mais produtos e serviços e, assim, conquistar e fidelizar clientes.
> Oportunidades se abrem com big data, analytics, mobile, blockchain, instant payments etc, e uma grande ameaça futura para a instituição que não se atualizar e não investir em inovações.
Sua majestade, o cliente
> Compartilhar dados de maneira autônoma, segura e totalmente gratuita, haverá mais independência e autonomia e relativização da “principalidade” (“correntista há 10 anos” (ou coisa parecida) de antigamente passa a não ter mais nenhum sentido).
> O histórico do consumidor pertence a ele e pode ser compartilhado com qualquer instituição autorizada pelo Banco Central para participar do Open Finance
> Para o cliente o portfólio de serviços, produtos e opções passa a ser praticamente infinito. Ele deixa de ser cliente do banco para ser consumidor do sistema financeiro brasileiro.
> O correntista, o investidor agora será (realmente) soberano em suas decisões.
O Open Finance e o Compliance
Apesar de se tratar de um sistema seguro, há ainda muito trabalho no âmbito do Open Finance até que o consumidor – de maneira geral – se sinta plenamente confortável para compartilhar seus dados financeiros sem o receio de vazamento, uma vez que esta dinâmica não faz parte da cultura do brasileiro.
“Education” – o trabalho de educação financeira, ou seja, de conscientização de que essa prática vai trazer benefícios ao cliente é fundamental, mas esse convencimento somente ocorrerá se os processos forem notoriamente executados com responsabilidade e ética.
Para chegarmos lá, as instituições devem investir cada vez mais em profissionais capacitados, não somente no relacionamento próximo ao cliente (Comercial, UX), mas também técnicos, pois são eles que vão indicar a necessidade e implementar determinadas ferramentas e soluções, colocando em prática os princípios da LGPD – segurança, transparência e necessidade.
Por isso a importância desses colaboradores trabalharem em parceira com os profissionais do compliance e terem acesso às imposições e vedações da regulamentação, para saber onde estão os limites do uso desses dados dentro das suas atividades institucionais. Ou seja, quanto mais maduros estiverem os controles e a cultura de privacidade interna dos players do mercado, maior será a eficiência para transmitir ‘para fora’, aos clientes, a confiança necessária.
Há uma imensa oportunidade para novas soluções, inovação tecnológica de ponta em termos de proteção de dados, prevenção a crimes financeiros. Acredito que o Open Finance, Open Insurance irão impulsionar este desenvolvimento, pois no Brasil está sendo construído com base em muito diálogo do regulador com o mercado, diversos e profundos estudo (inclusive comparativos com outros países), e, claro, investimento pesado em tecnologia. Excelentes ingredientes para apostarmos que teremos grandes resultados e transformações com o Open Finance (que, by the way, está apenas no começo!).
Mareska Tiveron
Banking, Fintechs & Startups Specialist | Technology| Compliance |
Regulatory | M&A | Palestrante(Speaker) | Professora | Mentora
Mareska Tiveron foi a diretora responsável por construir e estruturar o programa de compliance de importante Fintech (IP, emissora de moeda eletrônica, subcredenciadora, BaaS, embedded finance) do zero até o cumprimento dos gaps exigidos para a licença junto ao BACEN, passando pelas contratações das pessoas chave, estruturação de equipes, elaboração das políticas, processos e procedimentos, interlocução com stakeholders e reguladores, implementação da governança corporativa, treinamentos e apoio aos times de produto, negócios e tecnologia para que os planos de ações fossem cumpridos.
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