UltraTalks – José Tosi discute tendências para 2024 e fronteiras da tecnologia nos meios de pagamentos

por | 19 de dezembro de 2023 | UltraTalks | 0 Comentários

 “Visões de 2023 e Expectativas para 2024 – Mercado, Economia e Controvérsias” foi a última Live deste ano

Mais um ano terminando e as previsões sobre tendências, rumos da economia e evolução nos meios de pagamento tomam conta das discussões no mercado. As empresas evoluem e buscam incorporar novidades nos portfólios de serviços, em busca de saídas para criar um ambiente cada vez mais prático, seguro e atraente aos consumidores.

Neste 2023, vimos a consolidação do Pix como um dos meios de pagamento mais utilizados pelos brasileiros. Em 2024, teremos o Pix parcelado, que vai possibilitar a utilização do sistema de pagamento instantâneo para parcelar compras e pagamentos, um hábito tão comum no país. Neste ano que se aproxima também veremos o avanço de novas soluções como o Open Finance e o Drex, a nova moeda digital brasileira.

Para tratar de temas tão atraentes, e igualmente importantes para o mundo dos meios de pagamento, a UltraTalks convidou José Tosi – Founder Witbusiness e com passagens como General Manager da Mastercard e CEO da Fininvest – para comandar o painel “Visões de 2023 e Expectativas para 2024 – Mercado, Economia e Controvérsias”, com mediação de Eduardo Pires.

Logo na largada um tema tão importante foi colocado em discussão: o que pode ocorrer daqui em diante com a questão sobre os parcelados sem juros?       

“O primeiro ponto é que não tem mais tempo para se conseguir consenso. Podemos esperar aceleração dos players. O consenso é muito difícil, pois os lojistas não querem assumir riscos. O emissor está extremamente assustado com uma perda de rentabilidade do negócio de cartões. Os adquirentes não querem perder volume, não querem de jeito nenhum abrir mão da rentabilidade. De outro lado, acredito que o Banco Central não sabia a complexidade em mudar esse negócio no Brasil. Em vez de trabalhar em como regular, escolheu o caminho de ser um moderador”, avalia Tosi.

Será que teremos em 2024 uma tendência em se aplicar uma maior concessão de crédito? Os lojistas não querem assumir riscos de crédito ou simplesmente não podem fazê-lo?

“Na minha experiência em gestão de risco, quando visitava lojistas sempre ouvia a mesma história, que a inadimplência era baixíssima. Alguém virava e perguntava: fulano qual foi a taxa de cano no mês passado? A resposta é de que era de 0,5% a 1%. Aí eu respondia: então fecha o seu negócio e vai ser diretor de crédito em uma instituição financeira, que você vai ficar bilionário!”, responde Tosi, com uma boa dose de senso prático e humor.

“Todo lojista sabe que o parcelado sem juros, se colocar no colo dele, ele vai ter que subir o preço. Todo mundo finge que o parcelado sem juros é sem juros, obviamente isso está embutido no preço à vista. Ele pode fazer isso, mas custa caro. Tosi considera o parcelado sem juros uma espécie de “Robin Hood” às avessas.

“Todo mundo usa e não titubeia. Existe um processo cumulativo, por exemplo de 15 compras diferentes para pagar no parcelado. E aí começa a vir a inadimplência. Temos um problema estrutural, se não mudar isso vai ser difícil achar uma solução.”

Fronteira regulatória

O ano de 2024 será um marco nas fronteiras regulatórias, com novidades no setor de criptomoedas, Open Finance, Drex, novas modalidades do Pix e com a Inteligência Artificial cada vez mais presente.

“Open Finance é um excelente caminho para dar chance para instituições de menor porte conseguirem competir e atrair novos clientes, isso vai mudar muito a forma de lidar com o dinheiro de todos nós. A pulverização vai acabar sendo maior, vai ser muito positiva. Além disso, há as inovações tecnológicas. Considero 2024 e 2025 como os dois anos da Inteligência Artificial. Não acredito que organizações de ponta terminem 2025 sem estar usando plenamente tudo que puderem de Inteligência Artificial, tudo vai ser rapidamente absorvido pelo mercado.”

“Há uma nova geração de consumidores e profissionais, que se adapta muito fácil às mudanças. Minha geração conviveu com a inflação, havia um viés de se adaptar à contingência do momento. Hoje, há um quadro tecnicamente muito preparado. Antes era raro um profissional com MBA, um nível bom de inglês”, analisa Tosi.

Falando em adaptação ao momento atual, Tosi tocou em um ponto fundamental nestas novas relações humanas e econômicas: “Precisamos entender a sociologia de cada país, isso é o que falta no executivo brasileiro hoje. Ele se acostumou a ser um tecnocrata. Ele precisa aumentar a percepção dele sobre outas coisas e descobrir que parte que lhe cabe neste latifúndio, como diria o Chico Buarque”.

Humanidades

Em tempos de polarização, há um senso comum que as relações humanas estão mais complicadas, gerando até doenças inerentes aos excessos nas atividades sociais e profissionais.

“De novo, a gente precisa dividir os ´Brasis´. Quando me sento para tomar um chopp com meus irmãos, que moram em Franca (SP), fico pensando em que mundo eles vivem. Porque eles não têm efetivamente um nível de stress.  É outra pegada, outro padrão. Nos grandes centros ouvimos sobre Burnout, estamos estafados, trabalhando mais que devia. Tem muita concorrência, preciso parecer melhor que o meu colega. Mas o mundo hoje oferece mais condições para que todo esse pessoal possa repensar e recalibrar os seus objetivos de vida. Alguns farão, outros não. Cada um é cada um.”

Por fim, Tosi deixa uma frase que, segundo ele, resume bem o seu estilo de vida atual e seu modo de encarar o mundo: “No fim tudo dá certo, se não deu ainda é porque ainda não acabou”.

Sobre a UltraTalks

A UltraTalks promove eventos online e gratuitos que abordam diversos temas relacionados ao mercado de pagamentos e outros assuntos corporativos. A empresa tem como objetivo facilitar o acesso a profissionais de renome e a conhecimento especializado.

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